Part 1: A paralela, a inesperada amplitude
ESCRITO POR: Marcelo Antonelli
ILUSTRAÇÃO: Nathalia Servadio
REVISÃO: Vinícius Gepen
INTRODUÇÃO
Para marcar gols no futebol, você obviamente procura levar a bola para perto da meta do adversário.
Se você está tentando fazer isso usando uma conexão (um passe penetrante), é natural tentar encontrar espaço simplesmente jogando a bola atrás dos defensores.
Normalmente, essa é a solução. Mas não sempre.
Nesta série de artigos, apresentaremos uma perspectiva ampla e nova sobre como ver, criar e explorar espaços, com a finalidade de realizar passes penetrantes efetivos.
Essa perspectiva será delineada em três artigos diferentes, cada um deles com um vídeo correspondente, que combinará a "teoria" apresentada no artigo com imagens reais de partidas de futebol e futsal.
TIPOS DE PASSES
Antes de começarmos a apresentar alguns tipos de passes, quero deixar claro que há muitas maneiras diferentes de considerar "tipos de passes".
Você pode se concentrar em:
Partes do pé (dentro, fora, peito, etc.)
Posição do corpo (virado para frente, posicionamento do pé de base, etc.)
Efeitos (rotações) da bola (para um dos lados, para trás ou sem rotação)
Distância do passe (curto, médio, longo)
Trajetória da bola (no chão, no ar, cevadinhas, etc.)
Essa não é uma lista compreensiva. Muitos outros fatores podem ser considerados.
Nós apenas queremos deixar claro que nestes artigos (e vídeos), nosso foco estará na relação entre os passes e as posições de companheiros e oponentes.
Apresentaremos uma perspectiva inovadora inspirada nos conceitos de futsal de alto nível aplicados no campo de futebol.
A NORMA
Quase todos os jogadores aprendem desde cedo que uma "bola nas costas" (atrás dos defensores) pode levar sua equipe para perto do gol adversário.
E isso faz todo o sentido. As equipes freqüentemente sobem as linhas defensivas, procurando limitar o espaço da equipe adversaria para criar e manter a posse da bola. Se você conseguir invadir a defesa adversaria, com uma bola nas costas, na maioria das vezes sera uma ótima opção. Em outras “regiões” do campo, a passagem na parede (1-2, dar e ir) é normalmente a combinação mais procurada, e em termos de conceitos, é muito semelhante à bola intermediária, com o segundo passe sendo jogado atrás de pelo menos um defensor.
Mas, como a estratégia muda contra uma defesa baixa e organizada? Ou, em cenários em que um defensor fecha o passe de volta para o primeiro jogador durante uma combinação “1-2”? Leia mais para descobrir.
FUTSAL
O futsal oferece menos espaço que o futebol. O gol é muito menor e não há offsides. É muito difícil fazer um gol no futsal se você estiver a mais de 12 metros do gol do adversário (com base na minha experiência como goleiro de futsal). Como resultado, ao jogar contra times organizados, os jogadores de Futsal devem ser muito criativos para encontrar ou “criar” pequenos espaços para se conectar e colocar a bola mais próxima do gol adversário.
Como resultado, as táticas de futsal desenvolveram estratégias para encontrar espaços para passes penetrantes, não apenas atrás de defensores, mas usando espaços “por fora” ou “na frente” de um defensor.
Essas estratégias podem ser muito eficazes no campo de futebol.
PARTE 1: “A PARALELA”
Vamos começar pensando no “um-dois” (1-2, passe de parede).
Esta é uma estratégia muito eficaz, não é difícil de ensinar e pode ser usada com frequência em quase todos os níveis do futebol.
Por razões pedagógicas, vamos considerar o “um-dois” em um cenário 2x2 com jogadores começando quase na mesma altura (linha) no campo:
Figura 1: O jogador (02) passa a bola para o jogador (01) e corre para frente, com o objetivo de receber a bola de volta atrás do jogador (B).
Figura 2: O jogador (B) “ball watchs” (se vira e olha para a bola). O jogador (A) avança para a bola. O jogador (02) corre para frente e está livre para receber o passe de volta de (01). Neste caso, o “um-dois” é concluído com sucesso.
O cenário descrito na Figura 2 acontece o tempo todo em muitos níveis do futebol (claro, há muitas variações em termos da posição dos jogadores e do número de jogadores envolvidos).
Mas, outras vezes, ocorre o seguinte (Figura 3).
Figura 3: O jogador (02) quer receber o passe de volta, mas não vai funcionar porque o jogador (A) está fechando o caminho da bola. Além disso, o jogador (B) não “ball watched” e seguiu o jogador que estava marcando (02).
Isso resulta na perda de posse da bola pela equipe (Figura 4).
Figura 4: O jogador (A) intercepta a bola; portanto, a equipe em branco perde a posse da bola. Ao mesmo tempo, o jogador (02) fica sem função atrás do jogador B. Mesmo se (A) não fechar o passe, (B) teria interceptado o passe.
Às vezes, mesmo em um 2x1, as equipes perdem a posse da bola em cenários semelhantes. É “natural” para o jogador (01) tentar passar para o jogador (02) com um passe na direção do jogador (02).
Mas, também é quase “natural” para os Jogadores (A) e (B) tentarem fechar o passe de volta para o Jogador (02).
O que a equipe de branco poderia fazer diferente para ter sucesso nessa combinação?
Há muitas respostas eficazes para essa questão.
Neste artigo, vamos falar sobre uma das opções: A Paralela.
Vamos voltar para a Figura 3, mas adicionar uma mudança de direção na corrida do jogador (02) e uma pequena adaptação no movimento do jogador (01):
Figura 5: O jogador (02) altera a direção da corrida, conforme mostrado pelas setas brancas. O jogador (01) move a bola um pouco mais para a lateral e joga um passe para o jogador (02) no espaço paralelo à linha lateral, usando o espaço “por fora” do jogador (A). Se o Jogador (A) se aproximar muito do Jogador (01), então o Jogador (01) pode usar uma “cavadinha” para evitar que o Jogador (A) intercepte a bola. A cavadinha também pode desacelerar o passe, o que pode ser bom em certos cenários.
O que a figura 5 descreve é “A Paralela” no Futsal.
É uma parte consistente das estratégias de futsal.
Por que a paralela é importante?
Porque é uma das muitas estratégias no futsal que ensina os jogadores a lerem o cenário e, quando necessário, fazer uma mudança na direção de sua execução para encontrar espaços.
Também ensina o jogador com a bola a ver espaços e a fazer movimentos que normalmente não seriam considerados.
É muito importante deixar claro que, embora seja importante "aprender" estratégias como esta, os jogadores só poderão aplicar essas estratégias depois de "dominá-las". E não há melhor maneira de dominar algo no futebol do que aplicá-lo várias vezes em um ambiente de jogo competitivo.
É isso que o futsal com as estratégias certas pode proporcionar.
Vamos ver mais alguns exemplos em diferentes cenários:
Figura 6: O centro-atacante “surfs the line" (navega na linha) em direção ao lado direito e então muda de direção para receber uma bola paralela. O ponta direita joga a bola “por fora” do lateral esquerdo da equipe adversaria.
Figura 7: Paralela desenvolvida na parte lateral do campo.
Naturalmente, a paralela pode ocorrer em muitos cenários diferentes e deve ser ensinada e praticada na perspectiva de um movimento para desequilibrar a marcação. O repertório de movimentos de futsal é o que pode se tornar uma "arma" no campo para jogadores de futebol.
Para manter este artigo o mais simples possível, optamos por falar apenas sobre a paralela.
No próximo artigo, abordaremos “o movimento oposto” da paralela: A Diagonal.
No terceiro segmento de “Onde está o Espaço?”, vamos falar de soluções para encontrar espaços quando equipes opostas fecham a paralela ou a diagonal, e como praticar esses movimentos pode ajudar os jogadores a se tornarem mais criativos e eficientes no campo de futebol.
Por enquanto, por favor, assista ao vídeo abaixo para imagens da paralela sendo usada em uma variedade de cenários, tanto no futebol profissional quanto nos jogos de futsal:
AS FIGURAS DESTE ARTIGO FORAM ADAPTADAS NO LIVRO “Soccer Powered by Futsal”
Soccerpoweredbyfutsal.com
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