Onde está o espaço? Parte 3: Desenvolvendo conexões
Autor Marcelo Antonelli
Revisado por Vinícius Nagy Soares
Para a compreensão deste texto, é fundamental a leitura dos artigos anteriores nos quais abordamos os conceitos da Paralela e da Diagonal. Além disso, não deixe de assistir aos vídeos correspondentes às Partes 1 e 2 da série “Onde está o Espaço?”.
Introdução
Se você chegou até aqui, provavelmente acompanhou nossos conteúdos anteriores, nos quais demonstramos que a paralela e a diagonal fornecem opções de infiltração muitas vezes inesperadas pelos adversários. Estes são os movimentos mais conhecidos no futsal, cujas aplicações no futebol de campo podem representar importantes estratégias para a superação do sistema defensivo adversário.
Quando consideramos os dois movimentos simultaneamente, adquirimos mais opções ofensivas do que simplesmente a soma das possibilidades. Isso acontece porque a união da “paralela” com a “diagonal” oferece maneiras diferentes de ler e criar espaços, permitindo aos jogadores estabelecerem conexões em diferentes direções.
Paralela x Diagonal
Como discutido em nossos artigos anteriores, em razão dos espaços reduzidos, o futsal estimula os jogadores a procurarem alternativas, transcendendo o conceito de jogo baseado nas bolas atrás dos defensores, que são recorrentes no futebol de campo. Nesse sentido, movimentos laterais e “contramovimentos” (i.e., movimentos no contrapé dos adversários) são importantes para o desequilíbrio da defesa adversária.
Vimos também que a paralela consiste no passe por fora do defensor que está pressionado o atleta com a bola. Já a diagonal representa um passe com penetração à frente do defensor que está tentando interceptar a trajetória do passe. Abaixo algumas possíveis conexões em um cenário 2x2.
Figura 1. Opções de passe conforme as posições dos defensores de acordo com a metodologia “SOCCER POWERED BY FUTSAL”.
1) Paralela por fora do defensor que está pressionando a bola.
2) Combinação 1-2 ou passe diretamente atrás dos defensores.
3) Passe diagonal com penetração, realizado na frente do defensor.
4) Passe no pé do companheiro de equipe (sem penetração).
O jogador com a bola deve ser intencional no passe, decidindo quais opções estão disponíveis em determinado contexto. Pode parecer simples, mas, durante os jogos, frequentemente observamos avaliações precipitadas, frustrando a conexão e, consequentemente, o sistema ofensivo. Para o jogador que recebe o passe, é igualmente importante perceber onde está o espaço e mover-se rapidamente, o que pode significar uma mudança de direção da corrida. Vejamos alguns exemplos que combinam a paralela e a diagonal.
Figura 2. O jogador 2 se desloca para a direita, buscando uma diagonal, mas faz uma rápida mudança de direção para receber a bola na paralela.
Figura 3. O jogador 2 inicia a corrida para a esquerda (possivelmente para uma bola paralela) e muda de direção para receber um passe diagonal.
Figura 4. O jogador 1 percebe que o jogador A se move para bloquear o passe para o jogador 2, e então decide fazer um movimento contrário, desmarcando-se e avançando com a bola.
Figura 5. Em relação à movimentação dos jogadores, este diagrama é o oposto da Figura 4.
Colocando as situações anteriores no campo de futebol, temos:
Figura 6. Apresenta várias opções do jogador 1 conectar-se ao jogador 2, com base nos movimentos laterais da paralela e da diagonal, além da “tradicional” corrida direta atrás do defensor. Ao perceber que o marcador mais próximo está fechando uma linha de passe, o jogador 1 pode optar por fazer um movimento contrário e avançar com a bola.
As Figuras de 1 a 5 mostraram algumas das opções que podem ser criadas com a paralela e a diagonal, considerando movimentos opostos advindos da leitura dos adversários. Assista ao vídeo abaixo para observar esses movimentos em situações reais de jogo.
Aumentando a capacidade de conexão
Desejamos que os jogadores tenham leitura de jogo, consigam conectar passes importantes e resolvam os problemas circunstâncias de maneira criativa. Para isso, devemos oferecer subsídios teóricos e práticos para que nossos atletas desenvolvam tais competências, pois, caso contrário, não alcançaremos os resultados esperados.
Não ensine a Paralela e a Diagonal como movimentos específicos e isolados, mas sim como recursos voltados à elaboração de jogadas combinadas entre atletas. Quando há entrosamento, um simples gesto corporal pode indicar para onde o atleta da mesma equipe se deslocará. Pense nesses conteúdos como maneiras de desenvolver uma variedade de bons hábitos, incluindo corridas antes do passe, mudanças rápidas de direção, leitura do movimento dos defensores e dos companheiros de equipe, precisão de passe e seus diferentes propósitos, além de um grande estímulo cognitivo no sentido de tornar o atleta hábil na avaliação de inúmeras possibilidades.
A realidade do jogo pode apresentar uma infinidade de cenários e variações. Os jogadores com mais “ferramentas” disponíveis e boa leitura do jogo tendem ao melhor rendimento. A Diagonal e a Paralela, assim como qualquer combinação ou variação entre elas, são algumas das ferramentas que o futsal pode contribuir para o desenvolvimento do futebol, as quais podem ser adicionadas aos movimentos do futebol de campo mais tradicionais, como o 1-2, bolas nas costas dos adversários, passes nos pés etc.
Apesar de a Paralela e a Diagonal serem mais conhecidas no futsal, elas não pertencem a uma modalidade específica. Na verdade, são resultado de estratégias de jogos em que há infiltração, nos quais uma equipe deve ocupar o campo do adversário. As exigências do futsal tornaram esses recursos frequentes nos jogos, mas a lógica desses movimentos também pode ser usada em outras modalidades.
Aperfeiçoamento: leitura do jogo e movimento sem a bola
Ensinar é um processo. Por isso, para que os jogadores apliquem esses movimentos com maestria no campo de futebol, deve-se criar um ambiente de treinamento competitivo em que os atletas aplicarão determinados conceitos. Nesse sentido, defendemos que o futsal com as estratégias e metodologias corretas pode ser um ótimo instrumento para isso.
Esperamos que você tenha gostado e que consiga desenvolver as ideias apresentadas neste conjunto de artigos e vídeos da série “Onde está o espaço?”. Em breve mostraremos como o rodízio do futsal, com uma variedade de sobreposições e trocas de posições, pode criar o ambiente perfeito para os jogadores desenvolverem qualidades relacionadas à leitura do jogo e ao domínio de uma variedade de movimentos sem a bola.
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